Esse aumento alarmante é abordado pelo jornal Página12 em uma entrevista com Alba Rueda, ativista da Mujeres trans Argentina, na qual fica claro que hoje o país está sendo “devastado pelo ódio e pela discriminação”, incentivados pelo discurso de ódio do executivo nacional.
Também é grave – aponta o jornal – que as forças de segurança se sintam autorizadas a discriminar, estuprar e matar por causa de sua orientação sexual ou gênero.
O artigo analisa a evolução histórica desse problema social, que mostra uma tendência crescente. Em 2023 foram 133 casos, em 2022 o número foi semelhante e em 2021 foram 129. Os dados são do último relatório do Observatório Nacional de Crimes de Ódio LGBT+.
Se a tendência deste ano continuar, os crimes de ódio homofóbico podem ultrapassar 200, uma marca sem precedentes.
O ativista Rueda refletiu que o tema desses crimes e o aumento claramente têm a ver com uma mudança que está ocorrendo por parte do Estado, não apenas no discurso de ódio e nas associações à pedofilia na comunidade LGBTIQ+, mas principalmente no desmantelamento de políticas públicas e na falta de promoção de direitos.
Ele explicou que, em países onde existe violência física e simbólica contra a comunidade homossexual, é preciso tempo para bani-la em termos sociais e culturais.
Rueda advertiu que esse governo nacional “não fez nada para mudar essas realidades, pelo contrário, incentiva o desmantelamento das leis que nos protegem e das instituições que nos resguardam, como o Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo”.
O relatório do Observatório reflete que as violações dos direitos das pessoas LGBT+ são exercidas principalmente pelo Estado.
Enquanto em 35,3% dos casos (36) os atos foram cometidos por indivíduos privados, nos 64,7% restantes (66) o governo parece ser diretamente responsável por esses atos de violência, seja por meio de ações das forças de segurança ou de outras instituições públicas.
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