Domingo, Agosto 03, 2025
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Angola nega estabelecimento de recolher obrigatório

Luanda, 31 de julho (Prensa Latina) O porta-voz da Polícia Nacional de Angola, Comissário-Adjunto Mateus Rodrigues, negou hoje o estabelecimento de recolher obrigatório em Luanda devido aos distúrbios ocorridos entre 28 e 30 de julho.

Em declarações à imprensa, reafirmou que a situação de segurança no país é estável e que as informações que circulam nas redes sociais sobre a imposição de tal medida são falsas.

Ele atualizou os números de mortos e feridos nestes três dias, considerados ainda preliminares, que subiram para 30 mortos, incluindo um policial, e 277 feridos, 10 deles membros das forças de segurança.

Rodrigues afirmou que 1.515 pessoas foram detidas e serão apresentadas às autoridades judiciais, que já iniciaram os procedimentos contra os supostos envolvidos.

Nesta quinta-feira, cinco cidadãos foram julgados e condenados sumariamente pelo Tribunal Distrital de Belas, no Tribunal do Kilamba Kiaxi, em Luanda, por vandalismo e participação em tumultos. Eles receberam penas de um ano, seis meses e dez dias de prisão, além de 25.000 kwanzas (aproximadamente US$ 24).

Dezenas de menores envolvidos no vandalismo também foram entregues às suas famílias na quinta-feira, enquanto outras sete pessoas foram condenadas à prisão por esses crimes no dia anterior.

Luanda foi o centro dos protestos, mas também houve incidentes nas províncias do Huambo, Malanje, Benguela, Icolo e Bengo, Huíla e Lunda Norte.

O porta-voz da polícia indicou que, até o momento, 118 estabelecimentos comerciais, 24 ônibus públicos, cerca de vinte veículos civis, além de viaturas policiais e uma ambulância foram afetados.

Neste sentido, a Associação das Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (Ecodima) lamentou os acontecimentos, que descreveu como um ataque direto ao investimento privado, à estabilidade económica e à segurança física dos trabalhadores do comércio formal.

Um relatório preliminar indica danos causados por saques em 91 estabelecimentos comerciais das redes Angomart, Kibabo, Freshmart, Seaside, Esquebra e Arreiou, entre outras, enquanto outras 24 unidades foram vandalizadas.

Em comunicado, a associação observou que o impacto destes acontecimentos ultrapassa o nível económico, passando a ser social, uma vez que o setor é responsável por milhares de empregos diretos e indiretos que contribuem significativamente para o rendimento das famílias e do Estado.

“Os prejuízos materiais, ainda em avaliação, afetam infraestruturas, equipamentos, inventários de mercadorias e operações logísticas”, afirma o comunicado, destacando também a perda de confiança dos investidores no mercado interno.

Luanda retomou hoje parte da sua atividade habitual, com a reabertura de lojas e agências bancárias, e o regresso da circulação de táxis, após três dias em que os protestos contra o aumento do preço do gasóleo e das tarifas provocaram tumultos em vários pontos da capital e de outras províncias.

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