A poesia também se aninhava nas palavras sutis, mas enérgicas, deste intelectual, o mais leal de todos os moradores da capital cubana.
Nascido nesta cidade em 11 de setembro de 1942, talvez estivesse comemorando seu 83º aniversário com colegas e pensando em restaurar uma obra no Centro Histórico, ou talvez estivesse curtindo um passeio por Havana com seus jovens discípulos do Museu da Cidade e do Escritório do Historiador.
Como diretor de ambas as instituições, Leal Spengler assumiu importantes projetos de reforma e reconstrução, como o do Palácio dos Capitães-Generais (antiga Casa de Governo) e da atual sede do referido museu.
A responsabilidade de supervisionar a construção do Centro Histórico de Havana, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1982, foi-lhe confiada em 1981, tarefa empreendida com a paixão de um apaixonado por sua musa.
De fato, esta cidade foi sua musa, sua inspiração, o grande amor que ele viveu intensamente.
E lá está ele, eterno, na entrada do emblemático Palácio dos Capitães-Generais, como se uma plateia aguardasse impacientemente seu discurso.
A presença de Eusébio na praça, com uma escultura de bronze em tamanho real, imortaliza o melhor cidadão de Havana.
Orador sublime, erudito com dicção quase perfeita e pena refinada, interessou-se por história desde muito jovem e foi acolhido pelo primeiro historiador da cidade, Emilio Roig de Leuchsenring, e guiado por ele em sua vocação.
Autodidata, sem ter concluído oficialmente o sexto ano, após imensa preparação, prestou provas de proficiência acadêmica na Faculdade de Filosofia e História da Universidade de Havana, o que lhe permitiu ingressar na universidade para cursar o bacharelado nessa área.
Sua capacidade intelectual, facilidade de expressão e dedicação quase absoluta à preservação da parte antiga da capital cubana lhe renderam múltiplos títulos, nomeações e prêmios, mas tudo isso não foi suficiente.
Para preencher este volume de uma figura notável e, além disso, de suas habilidades interpessoais, toda a sua formação teve que ser trazida à tona: seus estudos de pós-graduação, a obtenção de vários títulos científicos, mas, acima de tudo, seu passeio tranquilo e a aproximação às ruas de paralelepípedos de Havana, o melhor trabalho que este eterno andarilho soube fazer.
Seus estudos de pós-graduação são quase incontáveis, assim como as responsabilidades que Leal Spengler assumiu, tanto dentro quanto fora de Cuba, em relação ao trabalho patrimonial, bem como suas principais obras literárias, consideradas de grande importância para o ensino. Considerado o homem que “salvou” Havana, os restos mortais do Dr. Leal Spengler repousam, é claro, em um local da Havana Velha, o Jardim Madre Teresa de Calcutá, nos fundos da Basílica Menor do Convento de São Francisco de Assis.
arc/dpm/glmv