Durante cerimônia de anúncio do governo no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, Lula afirmou, no entanto, que, se Trump quiser negociar, o Brasil está disposto a fazê-lo.
O presidente criticou a declaração do republicano de que a Justiça brasileira está conduzindo uma caça às bruxas nos tribunais em relação ao golpe de Estado do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é acusado.
“O senhor acredita em bruxas? Alguém aqui acredita em bruxas o suficiente para realizar uma caça às bruxas?”. Me enviaram uma carta pedindo para eu parar de perseguir Bolsonaro. “É um insulto irresponsável ao Brasil e à Justiça brasileira”, comentou.
Lula também ironizou a estratégia de Trump de atacar e, por vezes, reverter ou suspender suas decisões.
“Mas eu não queria falar. Eles nos dizem até 1º de agosto. Se não respondermos até 1º de agosto, vamos impor um imposto de 50% sobre o nosso comércio. Eles vão dizer algo como: ‘Não sou mineiro, mas sou bom em piadas'”, brincou.
Em diversas ocasiões, o líder progressista afirmou que seu país adotaria a Lei de Reciprocidade em caso de aumento de tarifa, mas o assunto é controverso.
Autoridades do governo e líderes empresariais acreditam que a medida, por si só, deve ser adotada como último recurso.
Lula também destacou suas relações com ex-presidentes americanos, como Bill Clinton e George W. Bush, e criticou o republicano por se considerar o “imperador do mundo”.
“Eu falo com todos, mas principalmente com aqueles que querem falar.” Se os Estados Unidos quiserem negociar, Lula estará disposto”, enfatizou.
Ele insistiu que “se quisermos negociar, negociaremos. Temos os melhores negociadores do mundo”, reiterou.
Esta não é a primeira vez que Lula critica Trump publicamente. Os dois têm posições opostas.
Em outro momento, o ex-líder sindical chegou a esclarecer que o Brasil “tem seus próprios assuntos” e, mais uma vez, enfatizou a soberania do país.
Nesse contexto, o gigante sul-americano levantou a questão na reunião da Organização Mundial do Comércio, em Genebra, na Suíça.
Em discurso, o embaixador Philip Fox-Drummond Gough,representante brasileiro, afirmou que as tarifas são arbitrárias e impostas de forma caótica, podendo agravar o impacto no comércio internacional.
Tais impostos “estão interrompendo as cadeias globais de valor e correm o risco de afundar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, alertou.
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