Quarta-feira, Julho 30, 2025
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Tensões na RDC apesar da assinatura de declaração com os rebeldes

Kinshasa, 20 de julho (Prensa Latina) As tensões continuam hoje na República Democrática do Congo (RDC), apesar da assinatura, no dia anterior, de uma Declaração de Princípios com os rebeldes do Movimento Aliança do Rio Congo-23 de Março (AFC/M23).

O porta-voz da AFC/M23, Lawrence Kanyuka, acusou o governo de Kinshasa neste domingo de continuar a enviar tropas mesmo após o compromisso assinado no Catar, que pretende ser um passo em direção a um acordo de paz abrangente e definitivo.

Em sua conta na rede social X, ele afirmou que “enquanto todos estão envolvidos na interpretação da Declaração de Princípios, o regime ilegítimo de Kinshasa continua a enviar implacavelmente suas tropas em todas as frentes, direcionando seu armamento pesado para áreas densamente povoadas”.

Ele acrescentou que as ofensivas nas terras altas de Uvira contra as aldeias banyamulenge de Rurambo se intensificaram. Esses ataques foram realizados pela coalizão composta pelas Forças Armadas da RDC, as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda, a milícia Mai-Mai Wazalendo e a Força de Defesa do Burundi.

“Essas ofensivas causaram a morte de inúmeros civis, agravando uma crise humanitária já catastrófica”, afirmou.

No entanto, as autoridades congolesas também denunciaram as intenções do AFC/M23, apoiado por Ruanda, de assumir o controle da cidade de Uvira, na província de Kivu do Sul, e de outras áreas do país sob o controle das Forças Armadas da RDC.

Ontem, o porta-voz Kanyuka também acusou o governo de violar o espírito da Declaração de Princípios recentemente assinada em Doha, que, em sua opinião, havia lançado uma campanha de desinformação sobre seu conteúdo.

“Em nenhum momento a AFC/M23 foi solicitada a se retirar das áreas libertadas. A cláusula estipula a ‘restauração da autoridade estatal em todo o território nacional’, reconhecendo implicitamente a ausência de autoridade estatal nas áreas controladas pelo regime de Kinshasa”, explicou ele em X.

Embora não tenha mencionado isso diretamente, a mensagem aludiu a declarações do porta-voz do governo e Ministro das Comunicações, Patrick Muyaya, que afirmou que a declaração inclui “a retirada inegociável da AFC/M23 das áreas ocupadas, seguida pelo envio de nossas instituições (Forças Armadas, Polícia Nacional, justiça, administração)”.

A Declaração de Princípios proclama o respeito a um cessar-fogo permanente, que inclui a cessação de ataques aéreos, terrestres, marítimos ou lacustres; o fim de toda propaganda de ódio e a proibição do uso da força, entre outros aspectos, que devem ser implementados até 29 de julho de 2025.

oda/kmg/glmv

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