Domingo, Julho 27, 2025
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Brasil pede diálogo com os EUA sobre tarifas e considera extensão

Brasília, 17 de jul (Prensa Latina) O vice-presidente Geraldo Alckmin descreveu as negociações com os Estados Unidos para reverter a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras como urgentes, embora tenha observado que uma extensão não seria um problema hoje se facilitasse um acordo.

Reativada pelo presidente Donald Trump, a medida ameaça setores estratégicos como agricultura, aviação e têxtil, apesar de o país do Norte acumular um superávit comercial de US$ 410 bilhões com o Brasil em 15 anos.

O governo priorizará recursos perante a Organização Mundial do Comércio e ações diplomáticas, descartando retaliação imediata.

Somente em caso de fracasso, a chamada Lei de Reciprocidade Econômica, promulgada em 14 de julho, que autoriza disposições espelhadas, será aplicada.

Alckmin enfatizou que mais de 6.500 pequenas empresas americanas dependem de insumos brasileiros, destacando cadeias integradas como a siderúrgica, onde a gigante sul-americana é a terceira maior compradora de carvão dos Estados Unidos.

A Confederação Nacional da Indústria projetou que a tarifa de Trump, em vigor a partir de 1º de agosto, eliminaria 110.000 empregos no Brasil.

Empresas como a Embraer enfrentariam aumentos de custos de até 50 milhões de reais (quase nove milhões de dólares) por aeronave, enquanto o setor de carnes, que esperava dobrar as exportações até 2025, sofreria perdas irreversíveis.

Autoridades e sindicatos concordaram em evitar politização, concentrando-se em argumentos técnicos e alianças com os parceiros comerciais americanos afetados.

Em resposta imediata, o Brasil enviou uma nota oficial a Washington assinada por Alckmin e pelo Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificando as tarifas como injustificadas e relembrando uma proposta de solução confidencial apresentada em maio.

Ao mesmo tempo, o Ministério da Agricultura acelerou a abertura de 393 novos mercados internacionais para diversificar seus destinos, com foco na Ásia e na África.

Analistas observam que essa disputa reacende tensões de 2019, quando Trump ameaçou impor tarifas ao aço brasileiro, embora sua implementação tenha sido evitada por meio de negociações bilaterais.

A atual escalada ocorre em um contexto geopolítico complexo, no qual o Brasil busca equilibrar as relações com o Ocidente e os países emergentes.

Diante desse cenário, o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu união nacional na quarta-feira e afirmou que a resposta do país às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos será “calma, com diálogo, mas firme”.

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