Segunda-feira, Julho 14, 2025
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Cuba vive intensa migração interna, diz especialista

Havana, 13 jul (Prensa Latina) Cuba vive atualmente uma intensa mobilidade interna de sua população, das áreas rurais para as urbanas, mas também dentro das cidades e áreas rurais, afirmou Antonio Ajas, autoridade em demografia e migração.

Por Lisván Lescaille Durand

Em entrevista exclusiva à Prensa Latina, o diretor do Centro de Estudos Demográficos (Cedem) da Universidade de Havana explicou que, embora a ilha tenha sido historicamente um país de migração, atualmente há uma mobilidade significativa de pessoas.

Inicialmente, os movimentos ocorrem das províncias do leste para o oeste, principalmente para Havana, que é o principal destino, mas também a maior fonte de migração para o exterior, observou o especialista.

“Migração sempre gera migração; existem redes sociais que atraem novos migrantes. A migração das áreas rurais para as urbanas sempre existiu em Cuba, um fenômeno que ganha força hoje no contexto de uma maior urbanização da sociedade”, afirmou.

Segundo Ajas, a questão representa um desafio à estratégia de desenvolvimento social e econômico, à produção de alimentos e ao progresso das áreas rurais, que são severamente subpovoadas e envelhecidas.

Ele também observou que a ilha também está passando por um processo de migração de áreas rurais para áreas rurais, onde as pessoas “buscam oportunidades econômicas, produtivas e de emprego diferentes de seu local de origem, o que representa desafios para o desenvolvimento local”.

A mobilidade ocorre em direção ao campo, muitas vezes dentro do próprio município ou para áreas rurais de outra província, e esse comportamento migratório impacta a maneira como o avanço econômico e social de cada distrito é controlado, organizado e priorizado.

Em relação à migração internacional, Ajas confirmou que Cuba tem um saldo migratório negativo (muito mais emigrantes do que imigrantes), que se registra desde 1930 e piorou desde 1959.

No século atual, ela tem características muito particulares, porque não é apenas a migração que sai e não volta, mas também a migração circular, temporária, afirmou o especialista.

Isso tem impacto na estrutura da população cubana, na dinâmica demográfica do país e na estrutura etária da população, porque essencialmente emigram jovens com maior população feminina, e isso tem impacto na população total, afirmou.

Outra peculiaridade, explicou ele, é que, para Cuba, o principal destinatário de sua emigração é também o principal antagonista do projeto de nação cubano: os Estados Unidos. E isso politiza a questão, a mediatiza e faz com que a questão da migração cubana nem sempre seja visível. Para eles, apenas quando certos eventos ocorrem. Hoje, acrescentou Ajas, estamos em uma fase diferente; estamos falando da importância de entender a migração; de buscar uma circularidade, um retorno e uma aproximação entre os cubanos que vivem no exterior e que querem a Pátria para a Pátria.

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