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OCDE prevê crescimento de 2,1% para o Brasil em 2025

Brasília, 3 jun (Prensa Latina) A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projetou hoje que o Brasil crescerá 2,1% em 2025, marcando o início de uma desaceleração que pode se estender pelo menos até 2026.

O relatório, publicado como parte da atualização do Panorama Econômico Mundial, alerta para as limitações estruturais que impedem uma recuperação mais robusta. Segundo a OCDE, embora o Brasil tenha demonstrado alguma resiliência desde a pandemia da COVID-19, a combinação de altas taxas de juros, baixo investimento produtivo e uma política fiscal sem clareza estratégica está limitando seu potencial de crescimento.

A reação dos analistas brasileiros foi rápida. Para a economista Ana Paula Cunha, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o relatório “confirma algo que já vinha sendo percebido há vários trimestres: o país cresce por inércia, sem uma política industrial clara nem incentivos reais à produtividade”.

“Não basta controlar a inflação; é preciso desbloquear o ambiente de negócios, modernizar o sistema tributário e criar mecanismos reais de inclusão tecnológica. Sem isso, o crescimento de 2% será o nosso teto por muitos anos”, alerta Cunha. De São Paulo, José Eduardo Martins, professor de economia da Fundação Getúlio Vargas, acredita que o relatório destaca “a necessidade de um pacto político sério” para organizar as finanças públicas e redirecionar os gastos para áreas que gerem crescimento de longo prazo.

“Gastamos muito, mas mal. Há um orçamento atrelado a interesses políticos que não se traduz em infraestrutura, ciência ou inovação. A OCDE não está apenas mostrando um número; está apontando para uma tendência que pode se tornar crônica”, argumenta Martins.

Um dos pontos mais destacados pelo relatório é a fragilidade do investimento privado. Para o economista Cláudio Almeida, do Banco Safra, a modesta previsão de crescimento reflete a cautela dos empresários diante das sinalizações conflitantes do governo.

“Previsibilidade é necessária. A carga tributária, as flutuações regulatórias e as tensões políticas não estão ajudando. Ninguém vai fazer apostas de longo prazo se o arcabouço fiscal for redefinido a cada seis meses”, ressalta Almeida.

Diferentemente de ciclos anteriores, o consumo das famílias não é o motor tradicional da economia. As famílias permanecem endividadas e afetadas pelo aumento do custo do crédito.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva agora enfrenta o desafio de manter sua agenda social sem perder o equilíbrio macroeconômico.

O Ministério da Fazenda ainda não se pronunciou oficialmente sobre o relatório, mas o ministro Fernando Haddad deve se pronunciar no Congresso esta semana.

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