Segundo Paulo Kalesi, diretor do Instituto Nacional da Criança (INAC), o combate a este flagelo é uma prioridade para o governo angolano, embora os números de janeiro a abril sejam contundentes.
Em declarações à Agência Angola Press por ocasião do Dia Internacional da Criança, disse que os dados se referem a todos os tipos de violência, incluindo a violência sexual contra menores, fuga de paternidade (ou abandono paterno), abusos físicos e psicológicos, entre outros.
O executivo considerou a situação preocupante, principalmente considerando que em 2024 o país registrou mais de 36 mil casos de violência, afetando principalmente crianças de zero a 12 anos.
O aumento em relação a 2023 foi mais que o dobro, já que o INAC registrou 16.030 casos de diversos tipos de violência, entre os quais a fuga de paternidade, a violência física, a exploração laboral, a violência psicológica e a violência sexual foram os mais comuns.
Se o fenômeno continuar no auge, os números continuarão aumentando até o final de 2025, o que significaria um número maior de vítimas.
Kalesi enfatizou que garantir os direitos das crianças é uma prioridade, particularmente o direito de todas as crianças à educação, saúde, amor, alimentação e proteção, e, portanto, pediu maior comprometimento das famílias e da sociedade em geral.
No entanto, o Inquérito aos Indicadores Múltiplos de Saúde 2023-2024, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística, revela realidades que comprometem estes objetivos, como o baixo registro de menores e o aumento do número de crianças não vacinadas.
Apenas 38% das crianças menores de cinco anos no país estão registradas, embora o número represente um aumento em relação à pesquisa anterior, realizada em 2015-2016.
Esta situação é mais aguda nas zonas rurais de Angola, onde apenas 25 por cento dos menores são registrados, enquanto nas zonas urbanas é de 49. A província do Bié tem a percentagem mais baixa (15) e a Lunda Sul a mais alta (71).
Essa subnotificação prejudica o planejamento de acesso à educação e à saúde, uma realidade vivenciada diariamente no país, onde não há informações sobre quantas crianças vivem nas ruas.
A Pesquisa de Indicadores Múltiplos de 2023-2024 também mostrou uma diminuição no número de crianças vacinadas com os antígenos básicos, que caiu de 31% para 28%.
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