“Gaza é o lugar mais faminto do planeta”, disse Jens Laerke, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, nesta sexta-feira.

De acordo com o organismo internacional, dos quase 900 caminhões de ajuda que foram aprovados para entrar pelo lado israelense desde a reabertura da fronteira de Kerem Shalom, entre Israel e a Faixa de Gaza, há dez dias, menos de 600 conseguiram descarregar no lado de Gaza.

Laerke alertou que esta é uma introdução gradual de alimentos em uma área à beira de uma fome catastrófica, levando muitos caminhões a serem invadidos por pessoas desesperadas.

Segundo a ONU, em um incidente que deixou dois mortos, multidões famintas invadiram um armazém do Programa Mundial de Alimentos (PMA) em Deir Al-Balah, no centro de Gaza, na quarta-feira. O armazém continha estoques limitados de farinha de trigo para uso nas poucas padarias que conseguiram retomar as operações.

Enquanto isso, um sistema de distribuição administrado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, sigla em inglês), com apoio dos Estados Unidos e de Israel, começou a operar esta semana na Faixa de Gaza, em frente à ONU.

Na quinta-feira, pelo menos 47 palestinos foram baleados enquanto tentavam receber alimentos em um dos centros de distribuição operados pela GHF.

Laerke enfatizou que “essa abordagem alternativa não funciona” e não reconhece as necessidades da população de Gaza. “Isso cria caos e cria uma situação extremamente perigosa para a população”, disse ele.

Ele também reiterou o apelo à comunidade internacional sobre a necessidade de reabrir todos os pontos de acesso a Gaza para permitir a entrada de ajuda essencial por todos os corredores, incluindo Jordânia e Egito.

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