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Brasil retoma exumações de vítimas da ditadura militar

Brasília, 30 mai (Prensa Latina) O governo brasileiro se dedica hoje à busca e identificação dos restos mortais das vítimas da ditadura militar (1964-1985), após 14 anos de interrupção.

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos retomou nesta semana os trabalhos no cemitério Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio de Janeiro.

O local foi usado entre 1970 e 1974 para enterrar 2.100 pessoas classificadas como indigentes pelo regime militar em valas comuns.

As investigações revelam que muitos deles foram vítimas de desaparecimento forçado.

Durante a ditadura, os corpos foram enterrados nas seções 16, 17 e 23 do cemitério.

Posteriormente, foram transferidos para um ossuário geral e depois misturados em uma sepultura clandestina coberta por uma laje de concreto. Nichos para outros sepultamentos foram construídos sobre ela.

Uma primeira exumação na década de 1990 identificou os restos mortais de 14 pessoas. Em 2024, mais dois corpos foram identificados: Joel Vasconcelos Campos, um estudante de 21 anos, e Félix Escobar Sobrinho, um camponês de 48 anos.

Em 21 de maio, especialistas forenses e documentalistas inauguraram o memorial construído sobre a sepultura clandestina. Os restos ósseos estavam armazenados lá desde 2011.

Os especialistas trabalharam com arquivos dos institutos Médico Legal e de Criminalística para cruzar informações e reconstruir identidades.

No entanto, parte do material estava alterado e em más condições.

“Recolhemos o que estava no chão e o organizamos em caixas, com respeito e dignidade”, disse o especialista Samuel Ferreira.

De acordo com o relatório oficial da Comissão Nacional da Verdade publicado em 2014, a ditadura no Brasil deixou pelo menos 434 pessoas mortas e desaparecidas politicamente. Dessas, 210 permanecem desaparecidas. Várias organizações acreditam que o número real pode ser maior.

A iniciativa é apoiada pelo grupo Tortura Nunca Mais – Rio de Janeiro. Seu diretor, Rafael Maul, ressaltou que “o desaparecimento forçado faz parte da nossa história, desde a escravidão. É dever do Estado resgatar essa memória”.

Nas próximas semanas, o trabalho continuará com mais análises e revisões dos registros de óbitos.

mem/ocs/bm

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