Domingo, Maio 25, 2025
NOTÍCIA

Justiça e reparações, uma só voz no Dia da África

Addis Abeba, 25 de maio (Prensa Latina) – A comemoração hoje do Dia da África impulsiona uma mensagem em favor da justiça e das reparações, 62 anos após a fundação da então Organização para a Unidade Africana (OUA), atualmente chamada de União Africana (UA).

A organização continental designou 2025 como o “Ano da Justiça para os Africanos e Afrodescendentes por meio de Reparações”, com o compromisso de abordar as injustiças históricas, incluindo o tráfico transatlântico de escravos, o colonialismo, o apartheid e o genocídio.

Para a África, é uma oportunidade para que os países reparem as injustiças históricas e promovam a justiça social e o desenvolvimento integral.

Da mesma forma, trata-se de reconhecer a contribuição dos afrodescendentes à sociedade, valorizar sua diversidade cultural, respeitar seus direitos humanos, promover a inclusão e desmantelar o racismo sistêmico.

A agenda de reparações para a África inclui ações que buscam reparar os danos causados pela escravidão e por outras formas de opressão, entre elas benefícios econômicos, políticos, culturais e espirituais para os povos afrodescendentes.

O presidente da Comissão da UA, Mahmoud Ali Youssouf, por ocasião da efeméride, afirmou que é um momento de lembrança e comunhão entre todos os africanos, e que o tema deste ano traz à tona memórias e uma história, muitas vezes dolorosa, tanto antiga quanto contemporânea.

Youssouf destacou que ainda não foi feita justiça pelos crimes cometidos durante os períodos de escravidão e colonização contra dezenas de milhões de africanos, e que as reparações estão demorando a chegar.

No entanto, afirmou que a África não se prende às feridas e à amargura do passado. “A África continua fazendo sacrifícios, uma e outra vez, para se libertar dos horrores dos conflitos, do subdesenvolvimento e das guerras”, enfatizou.

Ele explicou que sua administração, por meio das aspirações dos povos africanos traduzidas na Carta da OUA e, posteriormente, no Ato Constitutivo da União Africana, assumiu uma posição com força e determinação no cenário internacional.

Assegurou que a África não pode mais ser ignorada. Sua inclusão no G20 não é apenas uma participação merecida, mas um reconhecimento mundial da importância do continente, avaliou.

“Não há dúvida de que é preciso levar em conta o potencial da África — seus recursos minerais, terras cultiváveis e capacidade industrial. É nossa responsabilidade, como africanos, proteger esses recursos, em nome das gerações presentes e futuras”, enfatizou.

Ele lembrou que “o pan-africanismo foi construído por nossos antepassados não apenas com base nas legítimas aspirações dos nossos povos, mas de forma mais ampla sobre uma série de objetivos estratégicos que refletem o pensamento crítico sobre o futuro deste continente e de seus povos”.

mem/nmr/mb

RELACIONADAS

Edicão Portuguesa