28 de April de 2024
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Brasil 2023: Ano do malfadado golpe de Estado

Brasil 2023: Ano do malfadado golpe de Estado

Brasília (Prensa Latina) O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizará em 8 de janeiro de 2024 uma cerimônia para marcar um ano da invasão e saqueio por extremistas da sede dos Três Poderes da capital.

Por Osvaldo Cardosa

Correspondente da Prensa Latina no Brasil

Persuadido de que quando se deixa de evocar um passado ruim, alguém pode ser condenado a repeti-lo, Lula anunciou que convidará governadores, parlamentares e empresários para a reunião destinada a “lembrar ao povo” que a democracia impediu uma tentativa de golpe no Brasil.

“Estou convidando todos os governadores porque no dia 8 de janeiro vamos fazer um evento aqui em Brasília para lembrar as pessoas que tentaram dar um golpe de Estado”, anunciou o fundador do Partido dos Trabalhadores em 12 de dezembro.

De acordo com o ex-líder operário, o evento servirá para corroborar com os inseguros que o “regime democrático” é a única coisa certa e que “as instituições funcionam e as pessoas têm acesso à participação na riqueza que produzem”.

Embora a história do Brasil nunca tenha feito do país um alvo específico para grupos terroristas, a polarização e o discurso de ódio visceral que emanou do poder há quatro anos levaram a tais atos, segundo analistas.

Apoiadores radicais do então presidente derrotado Jair Bolsonaro (2019-2022) gostavam de montar acampamentos, sob o pretexto de protestos pacíficos e liberdade de expressão nas cidades e especialmente em Brasília, contra o resultado das eleições de outubro e a tomada do poder pela terceira vez pelo filho da classe trabalhadora.

DIA MARCADO EM PRETO

No entanto, em 8 de janeiro, a máscara caiu, a ordem foi dada e quase sete mil extremistas bolsonaristas (seguidores do ex-militar e que se apropriaram da cor amarela da bandeira), sob gritos de intervenção militar, invadiram e saquearam violentamente a sede do Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo.

Apesar de os exames de comportamentos e condutas suspeitas permitirem antever a ação de indivíduos ou grupos com intenções terroristas, as forças policiais, principalmente as do Distrito Federal (DF), mal reagiram. O golpe e a infâmia tiveram suas horas.

Com grande sabedoria, Lula tomou a decisão certa ao recusar a proposta de decretar a Garantia da Lei e da Ordem, a chamada GLO, que daria poder aos militares na arena pública após as agressões vandálicas.

Ele optou pela intervenção federal na Cidade do México e mostrou aos brasileiros que o poder civil organizaria o Estado após a resposta quase nula e a incapacidade das forças de segurança pública. Para maior clareza, o ex-sindicalista articulou, 24 horas após “a data marcada em preto na história nacional”, uma reunião (9 de janeiro) com governadores ou representantes dos 27 estados e a preservação da democracia surgiu como uma frase de efeito.

“Em nome da defesa da democracia, não seremos autoritários com ninguém, mas não seremos mornos com ninguém. Investigaremos e chegaremos a quem financiou” os atos antidemocráticos, observou o líder progressista.

De acordo com especialistas, ao impor o decreto de intervenção federal na segurança pública da Cidade do México, que “garante o livre exercício de qualquer dos poderes nas unidades da federação”, Lula evitou um dano ainda maior do que o causado pelos ataques irracionais dos golpistas.

RESPOSTAS E CONDENAÇÕES

A invasão provocou uma resposta do STF, que ordenou a prisão imediata de muitos dos envolvidos no golpe.

Sob uma atmosfera tensa e trocas de palavras acaloradas, o Parlamento criou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os eventos antidemocráticos em 25 de maio.

A primeira sessão do conselho foi uma prova da atmosfera acalorada que marcou as futuras reuniões da CPMI, com trocas acaloradas entre parlamentares da base e da oposição.

Esse órgão colegiado teve 180 dias para investigar as ações golpistas e pôde apresentar suas conclusões à Procuradoria Geral da República, a fim de fornecer provas para o processo criminal.

Publicado pela senadora Eliziane Gama, o relatório final da CPMI, em 17 de outubro, classificou as ações como obra do bolsonarismo.

O texto de 1.333 páginas acusa 61 pessoas, incluindo o ex-governador, de invasão de patrimônio público por incentivar os episódios antidemocráticos.

“Como se verá nas páginas seguintes, a democracia brasileira foi atacada: as massas foram manipuladas com discursos de ódio; milicianos digitais foram empregados para disseminar o medo, desqualificar opositores e promover ataques ao sistema eleitoral”, afirma o texto.

Denuncia que um golpe de Estado foi ensaiado e, por fim, foram estimulados atos desesperados e movimentos de tomada do poder. “O 8 de janeiro é obra do bolsonarismo”, observa.

“Ao contrário do que defendem os bolsonaristas, o 8 de janeiro não foi um movimento espontâneo ou desorganizado: foi uma mobilização pensada, planejada e preparada com antecedência”, afirma o documento. Em relação a Bolsonaro, a deputada Gama propõe que ele seja acusado de quatro crimes: associação para cometer crime, tentativa de abolir violentamente o Estado de Direito, tentativa de derrubar um governo legitimamente eleito e uso de medidas para impedir o livre exercício dos direitos políticos.

Além do político de extrema direita, a lista de pessoas envolvidas direta ou indiretamente nos crimes inclui o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente de Bolsonaro, e o ex-ministro e então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.

Com o documento no Ministério Público, a trama de 8 de janeiro está agora sob investigação criminal e deve ser decidido se as investigações da polêmica comissão legislativa terão continuidade.

Bolsonaro, que nega qualquer ligação com a tentativa de golpe, ficou inelegível por oito anos e pela segunda vez em 31 de outubro.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou cabíveis duas ações da chamada Ação de Investigação Judicial Eleitoral e uma representação eleitoral que questionam, mais uma vez, a elegibilidade de Bolsonaro.

Os magistrados condenaram o ex-paraquedista por abuso de poder político cometido durante as comemorações do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022.

Naquela data, o então presidente assistiu ao desfile oficial, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e depois se dirigiu a um caminhão de som, que estava a poucos metros de distância, e fez um discurso eleitoral.

Mais tarde, foi ao Rio de Janeiro e assistiu a uma apresentação do Exército e da Aeronáutica na praia de Copacabana. No mesmo local, fez outro discurso com conteúdo de campanha.

Em junho, o TSE havia condenado o ex-chefe de Estado à inelegibilidade por oito anos (até 2030) por ter realizado uma reunião com embaixadores estrangeiros, em julho de 2022, no Palácio da Alvorada (residência oficial da Presidência), na qual questionou, sem provas, as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral.

Mais uma vez, as apreensões voltam ao ex-militar depois que a Procuradoria Geral da República recuperou o vídeo transmitido pelo ex-presidente após os atos golpistas. A gravação foi apagada por Bolsonaro duas horas após sua publicação, em 10 de janeiro.

arb/ocs/mb

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