No início do encontro, o secretário-executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs, destacou a importância de apresentar o desempenho dos 14 países da área que participaram do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) 2022.
Ele enfatizou que a maioria das nações da região ainda está atolada em uma dupla armadilha de baixo crescimento e altos níveis de desigualdade, desemprego e pobreza.
Claramente, acrescentou, “uma área em que ainda não nos recuperamos é o ensino, pelo contrário, o apagão educacional devido à pandemia na América Latina e no Caribe, que foi maior do que em qualquer outra região do mundo, deixou danos e cicatrizes”.
Esses danos têm impacto no crescimento econômico, na produção, na mobilidade social e nas perspectivas das classes médias, e até mesmo nas democracias, pois com a deterioração da educação, as esperanças de muitos jovens são destruídas e eles caem em desespero.
Já Claudia Uribe, chefe do Escritório Regional da Unesco, destacou que o relatório do PISA é um marco na discussão e no debate na educação, não só na região, mas em todo o mundo.
Infelizmente, na última edição é possível confirmar que a América Latina e o Caribe estão na parte inferior da distribuição de notas, com resultados particularmente baixos em matemática.
Em comparação com os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que criaram essa ferramenta, as diferenças de desempenho equivalem a cinco anos de escolaridade.
Isso significa, em termos práticos, que nossos alunos da sexta série poderiam estar demonstrando resultados equivalentes aos da primeira série.
Dos 14 países da área avaliados no PISA, há uma alta porcentagem de alunos que não conseguem desenvolver habilidades elementares em matemática e leitura. Em média, apenas cerca de 25% dos participantes atingiram níveis mínimos.
No Chile e no Uruguai esse número sobe para 44%, mas em outros mal chega a um em cada 10 alunos.
Uribe destacou que há uma estagnação educacional regional desde 2013 e a pandemia veio aprofundar os problemas, como a desigualdade escolar e as diferenças de gênero.
Daniela Trucco, da divisão de desenvolvimento social em educação da Cepal, apontou o problema do baixo investimento em serviços educacionais, que, em média, mal chega a quatro por cento do PIB do país.
A analista chilena Claudia Matus se referiu à armadilha da desigualdade e à falta de atenção especial para os alunos que estão nos níveis mais baixos de aprendizagem. Os melhores professores não estão cuidando dos alunos mais necessitados, disse.
Por sua vez, a mexicana Sylvia Schmelkes apontou como um dos avanços deixados pela pandemia a incorporação dos computadores e da internet no processo de ensino, tanto entre professores, alunos ou suas famílias.
Agora, disse ele, é preciso evitar que as mesmas tecnologias se tornem mais uma fonte de desigualdade.
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