Albert Pierre-Paul Joseph, presidente do órgão, disse à multiplataforma AlterPresse que a República Dominicana vê o Haiti como um parceiro comercial e tenta menosprezar o país.
“A atitude do presidente dominicano, Luis Abinader, continua a ser a de um chefe de Estado hegemônico, que se acredita ser o presidente de toda a ilha”, disse Pierre-Paul, referindo-se ao território partilhado pelos dois países.
Da mesma forma, denunciou que as autoridades vizinhas “brincam” com a situação de crise que o Haiti sofre face ao colapso total do seu Estado.
Na véspera, Santo Domingo anunciou a reabertura parcial da fronteira, fechada unilateralmente pelo presidente Abinader em retaliação à construção de um canal de irrigação que fornecerá o líquido a cerca de três mil hectares da planície de Maribaroux, no nordeste do Haiti.
Segundo o anúncio das autoridades dominicanas, a reabertura será controlada com medidas de segurança para exportar principalmente alimentos e medicamentos, e mantém a proibição de objetos eletrônicos e materiais.
Os vistos para cidadãos haitianos também não serão retomados, embora a questão do transporte binacional não esteja clara.
As medidas de Santo Domingo vêm à tona após a reabertura do canal La Vigía em seu território, a montante daquele que está sendo construído pelos haitianos, e que, segundo fontes oficiais, captará a água necessária aos agricultores.
O Governo do Haiti, por sua vez, considerou inaceitável e hostil qualquer tentativa da vizinha República Dominicana de desviar água do rio Masacre e privar os seus nacionais de utilizarem os recursos hídricos.
“O governo reafirma o direito inalienável dos haitianos ao uso equitativo dos recursos hídricos binacionais” e apenas considera adequada uma solução que permita a distribuição dos recursos hídricos, a normalização das relações entre os dois países e o retorno à circulação de pessoas e bens de ambos os lados, como foi o caso entre as duas Repúblicas antes do encerramento unilateral de 15 de Setembro.
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