27 de April de 2024
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Guatemala: Estamos diante de uma “nova primavera”?

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Guatemala: Estamos diante de uma “nova primavera”?

Cidade da Guatemala (Prensa Latina) O campo popular definitivamente perdeu muito nos últimos anos. Em conformidade com o que aconteceu em todo o mundo, o triunfo dos planos neoliberais e o feroz anticomunismo que a primeira Guerra Fria nos deixou (já estamos a viver a segunda), os avanços e conquistas dos que estavam a pé regrediram fenomenalmente. Na Guatemala, embora após a assinatura da paz em 1996 tenham surgido algumas tímidas esperanças de mudança, com as últimas administrações presidenciais (Otto Pérez Molina, Jimmy Morales, Alejandro Giammattei) esses avanços mínimos desapareceram completamente.

Marcelo Colussi*, colaborador da Prensa Latina

As ações da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) durante um curto período de tempo (quando Washington assim o determinou, apenas por sua conveniência) marcaram um momento de “respiração” na sociedade, porque sentiram que estavam agindo contra a desenfreada corrupção que se instalou. Não se deve esquecer a este respeito, como disse um dos presos por aquela cruzada anticorrupção que eclodiu em 2015, que a Linha 1 foi parada, mas a Linha 2 nunca foi tocada – nem parece que nunca foi tocada.

Desde então, a corrupção tornou-se, em termos mediáticos, o principal problema do país. Os “bandidos do filme” eram os líderes venais que, com seus roubos e delitos, “empobrecem o povo”. Meia verdade. A corrupção existe, sem dúvida, mas é o efeito de um sistema baseado na exploração da vasta maioria trabalhadora que chamamos de “capitalismo”. Os factos corruptos, que aparecem em todos os governos do mundo, no Norte próspero e no Sul empobrecido, não são a verdadeira causa das dificuldades das populações: são a forma como a riqueza é distribuída. Esses funcionários corruptos, que se movem com características criminosas – que diferença substancial existe entre um ladrão de telemóveis, um membro de uma gangue que pede extorsão ou um político que rouba um orçamento público? – são o produto de um sistema injusto nas suas raízes. Estes funcionários, que menos parecem ser “funcionários públicos”, são uma excrescência dentro de um sistema em si.

ismo perverso e corrupto.

Em todo o caso, já há algum tempo que o chamado Pacto da Corrupção (classe política pouco apresentável, crime organizado, um certo empresariado voraz) vem tomando conta de todas as estruturas do Estado, garantindo um clima de total impunidade aos seus negócios obscuros, geridos como máfias. na pior das hipóteses, ao estilo Al Capone. Para as atuais eleições contavam com a repetição de uma vitória na presidência, consolidando e aprofundando a drenagem de recursos públicos de forma imoral. Mas a população reagiu. O voto popular disse não a este posto avançado de gângsteres, dando o vencedor a uma proposta renovadora: o Movimento Semente.

Definitivamente, o triunfo de Bernardo Arévalo constitui uma lufada de ar fresco numa atmosfera irrespirável como a que teve no país ultimamente, com grupos mafiosos a gerir os governos (nacionais e municipais) com os critérios de uma gangue criminosa, com um cheiro que fedia e isso levou a população a dizer “basta”.

Em meio ao mal-estar generalizado que se vivia, com abusos de poder por parte do governo que beiravam o autoritarismo de uma ditadura disfarçada de democracia, o aparecimento de Semilla é uma boa notícia. Agora, o que realmente se pode esperar deste novo governo a partir de janeiro de 2024? Sejamos realistas sem perder a dimensão na análise. O clima prevalecente era tão abafado que uma proposta de reforma quer ser vista como uma “nova primavera” (imitando assim a “primavera democrática” de 1944). Esperamos que sim, mas tudo indica que não devemos ter expectativas especiais.

Este não é um apelo ao derrotismo, mas ao realismo. As propostas do Movimento Semente, que surgiram a partir das mobilizações anticorrupção de 2015, não representam realmente projetos de transformação social. Basicamente, concentram-se num esquema transparente para a função pública, tentando eliminar a corrupção. Mas sabe-se que essas estruturas enraizadas no Estado durante décadas farão o impossível para resistir. Na verdade, no Congresso ele não tem maioria, e o governo será uma disputa permanente contra os poderes mais obscuros.

Neste momento, logo após as eleições, vive-se um clima de euforia, sentindo o triunfo do Movimento Semente como um verdadeiro avanço popular. Num sentido muito limitado, é: a população votante não se deixou enganar e disse “não” ao Pacto da Corrupção. Mas atenção: vamos ter em mente o que significa ter conquistado o Poder Executivo. As mudanças podem ser promovidas a partir do palácio presidencial, sabendo que os verdadeiros fatores de poder não querem mudanças substanciais. O novo governo, se conseguir assumir sem reveses em 14 de janeiro, eles terão dificuldades. Acima de tudo, devemos estar preparados para todo tipo de jogo sujo nestes meses, antecipando que as máfias entrincheiradas no Estado podem fazer tudo para não perder terreno. A luta, portanto, será dura.

Por outro lado – e talvez isto seja o fundamental – o Movimento Semente não traz um projeto revolucionário. As acusações da direita mais troglodita estão ali presentes, preparando o caminho para neutralizá-la. Como se lê nas redes sociais: “Arévalo e seus seguidores apoiam o aborto, a maricas social mal chamada de inclusão, a perda de valores, a desintegração da família, a legalização das drogas, o aumento dos gastos públicos, o aumento do populismo e do nepotismo e a eliminação do exército. Eles buscam fazer da Guatemala uma Venezuela”. Para se distanciar de tudo isso, Semilla esclareceu, quase com veemência, que “ele não é comunista”, que não haverá expropriações ou coisas do gênero. A embaixada dos Estados Unidos e alguns dos grupos económicos mais poderosos do país dão-lhe a sua aprovação, o que indica para onde poderá viajar a seguir. Revolução socialista à vista: não. Isso está claro. Portanto, as expectativas de melhoria económica para os grandes

Estas missas certamente não podem ser cumpridas; isto serve à direita para mostrar que “a esquerda no poder é ineficaz”.

Apoiemos o clima de mudança, mas não esperemos maravilhas onde não podem existir. Acabar com a corrupção – se isso fosse possível – é louvável; mas isso não elimina as injustiças básicas. Não esqueça.

rh/mc/ml

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