4 de May de 2024
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São Paulo, Brasil (Prensa Latina) Que fatores favorecem a tendência mundial de escolher governos autoritários? O que leva os eleitores a escolher candidatos de extrema-direita, mesmo que eles ameacem a democracia?

Frei Betto*, colaborador de Prensa Latina

Há algo que me parece óbvio: quanto maior a instabilidade econômica, a insegurança social e o sentimento de fragilidade, mais o eleitorado tende a preferir candidatos do tipo “Rambo”. Entre ordem e liberdade, ele opta pela primeira. E entre segurança e democracia, o mesmo. Basta conhecer a história da Alemanha entre as décadas de 1920 e 1930 para verificar que a insegurança social – detalhe: em uma nação altamente educada – soprou o vento a favor da ascensão de Hitler. Assista ao filme Cabaret Eldorado na Netflix.

Em Israel, a nova política direitista de Benjamin Netanyahu, determinada a reduzir o poder do Judiciário, se baseia na suposta ameaça palestina e nos constantes ataques a acampamentos na Cisjordânia. Na França, ondas de protesto contra a nova lei da previdência social e agora o assassinato policial de Nael, de 17 anos, estão beneficiando politicamente Marie Le Pen, uma líder de extrema-direita. No Brasil, foram as manifestações de 2013 e a crise econômica que possibilitaram a eleição de Bolsonaro em 2018. Projetos autoritários se baseiam nas instruções dos remédios líquidos: “Agitar antes de usar”.

Clara Mattei, professora de economia, autora de Capital Order: How Economists Invented Austerity and Paved the Way to Fascism (A ordem do capital: como os economistas inventaram a austeridade e pavimentaram o caminho para o fascismo) defende a tese de que a austeridade dá lugar ao fascismo.

O autor cita os exemplos de Mussolini, Trump e da atual primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, como efeitos da austeridade econômica. Ele diz: “Para que o capitalismo funcione, a maioria das pessoas deve ser desempoderada e precária, e depender do mercado. Isso é o que a austeridade faz. Ela tira recursos dos assalariados, que são a maioria, e os entrega a uma minoria cuja riqueza vem de propriedades e renda.”

E acrescenta: “Devemos parar de idealizar o capitalismo como um sistema que pode ser reformado e que tem a flexibilidade necessária para incorporar nossas necessidades, e perceber que o capitalismo tem limites rígidos. É um sistema que só cresce e produz para gerar lucro, e isso exige austeridade. Não foram só cortes de gastos, foram antes de tudo cortes de gastos sociais, impostos regressivos. Depois houve um aumento de impostos sobre o consumo, como ainda hoje vemos no mundo: mais impostos para pessoas físicas e menos aos grupos abastados e empresariais, ou ao patrimônio”.

Aquele “pobre” desempregado e vítima da mais completa precariedade social por falta de moradia, saúde e educação, é como um náufrago que agarra o primeiro galho de árvore ao alcance de suas mãos, ou seja, o líder político que adota um discurso salvacionista, menospreza as instituições democráticas, prefere a lei da força à força da lei e invoca Deus como seu aliado.

Essa política necrófila se beneficia das redes digitais, que tendem a isolar as pessoas e incentivá-las ao consumo, e que exacerbam a violência. O adolescente de 16 anos responsável pelo massacre em uma escola de Aracruz (ES) em novembro de 2022 disse à polícia que aprendeu a usar armas pela internet. Sete meses depois, no Rio, a empregada doméstica Isabella da Silva Oliveira, 19, também admitiu que aprendeu a manusear armas pela internet para assassinar o patrão, Lilson Braga, 66.

Essa cultura de ódio e ressentimento, tão propagada pela extrema direita, só pode ser combatida com políticas sociais que reduzam a desigualdade social, condenem vigorosamente todo tipo de preconceito e promovam a educação política das classes populares, incluindo a descolonização da mensagem bíblica.

rmh/fb/ml

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