O sobrevivente da última ditadura civil-militar neste país (1976-1983) foi o primeiro a participar como testemunha no chamado Processo das Juntas contra os repressores Jorge Rafael Videla, Emilio Eduardo Massera, Orlando Ramón Agosti, Roberto Eduardo Viola, Armando Lambruschini, Omar Domingo Rubens, Leopoldo Galtieri, Jorge Anaya e Basilio Lami Dozo.
Calvo era formado em Física, professor, pesquisador e um dos idealizadores da Associação Sindical dos Professores.
Em 1977, ela foi retirada à força de sua casa por oficiais da ditadura quando estava grávida de sua terceira filha, que nasceu em cativeiro.
Seu depoimento foi fundamental para denunciar os crimes cometidos em locais de extermínio clandestinos como o Banfield Well e o processo de apropriação de menores levado a cabo pelo regime.
“Eu jurei que se eu e meu bebê vivêssemos, lutaria todos os dias por justiça”, declarou ela.
Esse compromisso fez dela uma militante contra a impunidade. A sua persistência em cumprir essa promessa fez dela uma referência, refere um comunicado da AEDD.
Ele trabalhou incansavelmente para derrotar as leis que permitiam a libertação dos culpados e possibilitar os julgamentos. Foi fundamental na realização do trabalho de recolha de dados que serviu de base a muitos dos processos contra o genocida, acrescenta.
De 1976 a 1983, a Argentina viveu um dos períodos mais sombrios de sua história, durante o qual mais de 30.000 pessoas foram sequestradas, detidas, torturadas, desaparecidas e assassinadas.
Como lembra a jornalista e escritora Stella Calloni em diversos artigos sobre o tema, após o Julgamento das Juntas e diante de pressões militares e políticas, o Congresso aprovou as leis Ponto Final (1986) e Obediência Devida (1987), que estabeleciam a impunidade para centenas de réus.
Os chefes militares permaneceram presos, mas foram indultados pelo ex-presidente Carlos Menem (1930-2021) entre 1989 e 1990.
Após sua chegada ao governo em 2003, Néstor Kirchner (1950-2010) implementou medidas para separar as Forças Armadas dos responsáveis por esses fatos, transformar os centros de detenção clandestinos e anular os regulamentos que permitiam aos culpados evitar as sentenças correspondentes.
Desde então, mais de 500 ex-militares e policiais foram processados por crimes contra a humanidade.
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