25 de April de 2024
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Operação Carlota, uma vitória da solidariedade e do humanismo

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Operação Carlota, uma vitória da solidariedade e do humanismo

Por Lissy Rodríguez Guerrero
Havana, 5 nov (Prensa Latina) Considerada a proeza militar mais justa da história contemporânea de Cuba, a Operação Carlota começou em um dia como hoje, há 46 anos, com o envio de tropas que tornaram possível alcançar a independência definitiva de Angola.

Cerca de 300.000 cubanos atravessaram o Atlântico para participar dessa epopeia, na qual se misturavam sangue antilhano e angolano, e que também resultou na libertação da Namíbia e na eliminação do regime do apartheid na África do Sul.

A noite de 4-5 de novembro de 1975 não poderia ter sido mais decisiva para aqueles que, numa reunião liderada pelo líder histórico, Fidel Castro, decidiram transferir unidades de combate para Angola, que foi sitiada em vários pontos pelo avanço de mercenários e forças financiadas, treinadas e armadas pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

A soberania do país africano estava em perigo e Cuba respondeu ao pedido do presidente do governo do Movimento Popular de Libertação (MPLA), Agostino Neto, que conseguiu, após as vitórias das tropas cubanas e angolanas, proclamar a independência da nação como planejado, em 11 de novembro daquele ano. Em entrevista ao documentarista Estela Bravo, o revolucionário Jorge Risquet, chefe da missão internacionalista em Angola entre 1975 e 1979, comentou que Fidel Castro, junto com outros camaradas, passou longas horas acompanhando a situação em Angola.

A história de solidariedade de Cuba no continente africano e os profundos laços entre os dois povos serviram de pano de fundo para uma decisão que, segundo Risquet, respondeu acima de tudo ao caráter internacionalista da Revolução.

A ousadia da ilha caribenha não demorou muito para receber uma resposta ameaçadora dos Estados Unidos, cujos analistas nunca anteciparam a incursão do país bloqueado e do Terceiro Mundo em uma operação militar de longo alcance.

No livro Covert Diplomacy with Cuba. A History of the Secret Negotiations between Washington e Havana, os pesquisadores estadunidenses William M. Leogrande e Peter Kornbluh listaram as sanções planejadas contra o país antilhano, que vão desde “medidas econômicas e políticas de natureza punitiva até atos de guerra propriamente ditos”.

“A ação do governo cubano de enviar tropas de combate para Angola destrói qualquer chance de melhorar as relações com os Estados Unidos”, disse à imprensa o então presidente norte-americano Gerald Ford (1974-1977).

Mas o líder histórico da Revolução, Fidel Castro, questionou esta atitude de dois pesos e duas medidas em entrevista ao jornalista espanhol Ignacio Ramonet, pois enquanto Cuba era criticada pela ajuda dada a Angola para sua libertação do colonialismo, o governo do país do norte “conseguiu transferir várias bombas nucleares para a África do Sul”.

Somente a experiência dos combatentes cubanos 19 anos antes na Sierra Maestra e a aplicação de uma estratégia de “guerra irregular”, juntamente com os angolanos, permitiu a vitória contra os “exércitos da África do Sul, a maior potência daquele continente, e contra o Zaire, o fantoche africano mais rico e bem armado da Europa e dos Estados Unidos”, lembrou Fidel Castro em sua entrevista.

Cuito Cuanavale, Quifangondo, Cabinda, Ebo, Sumbe, Cangamba… são apenas alguns dos marcos militares daquela epopeia que durou 15 anos diante de insistentes ataques à soberania do país, até que em dezembro de 1988 a assinatura de acordos de paz permitiu a retirada gradual e organizada das tropas cubanas em Angola.

Alguns anos depois, o líder sul-africano Nelson Mandela visitou a ilha caribenha e prestou homenagem aos internacionalistas cubanos, bem como às duas mil vidas perdidas em combate, por sua “contribuição para a independência, liberdade e justiça na África”.

Durante os dias do retorno dos combatentes a Cuba, o escritor colombiano Gabriel García Márquez visitou as ruas de Havana e deixou para a posteridade suas impressões sobre a mudança “do espírito do povo” e “da natureza das coisas” que a experiência havia deixado nos cubanos.

“(…) eles pareciam conscientes de ter contribuído para mudar a história do mundo, mas se comportaram com a naturalidade e a decência daqueles que simplesmente cumpriram seu dever”, escreveu ele na revista Tricontinental.

A operação Carlota tinha o nome simbólico de um escravo que se revoltou durante o opróbrio regime colonial no engenho de açúcar Triunvirato, na província ocidental de Matanzas, exatamente 132 anos até o dia anterior a 5 de novembro de 1975.

A tradição de solidariedade entre os dois povos sobrevive até hoje, quando profissionais cubanos de diversas áreas realizam missões internacionais na África, e é também de lá que vem parte da ajuda que Cuba recebe para enfrentar a pandemia da Covid-19.

jha/lrg/vmc

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