Isso fica claro nas declarações mais recentes do Presidente Joe Biden e de seus porta-vozes, o uruguaio Luis Almagro, Secretário-Geral da OEA, e a chilena Michelle Bachelet, Alta Autoridade das Nações Unidas para os Direitos Humanos, entre outros.
A suposta ocultação do cerco ilegal e desumano a Cuba impede inclusive o uso do termo ‘bloqueio’, mesmo em sua variante menor ’embargo’, como se não tivesse relação com as atuais dificuldades socioeconômicas de Cuba.
Para muitos diplomatas, essa atitude é também uma zombaria aos mais de 180 governos que, ano após ano, votaram nas Nações Unidas pela necessidade de acabar com o bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba.
Em declarações à Prensa Latina, o jornalista chileno Rafael Urrejola, diretor do Centro de Formação Memória e Futuro, atribuiu a este cerco mundialmente condenado a principal causa das atuais dificuldades da ilha, mas advertiu que ‘o Império não se importa com a opinião dos demais do mundo, nem com o direito internacional’.
Por sua vez, o advogado Carlos Margotta, presidente da Comissão Chilena de Direitos Humanos, destacou que este bloqueio constitui um crime de genocídio, da competência do Tribunal Penal Internacional, conforme estabelece o Estatuto de Roma, que – no entanto – Washington nunca subscreveu.
Se ele tivesse assinado esse tratado, os últimos presidentes dos Estados Unidos poderiam ter sido denunciados em tribunal, acrescentou à Prensa Latina.
Os Estados Unidos, disse Margotta, recusaram-se a assinar e ratificar os principais tratados internacionais de direitos humanos emanados da ONU, por medo, precisamente, de serem perseguidos por seus atos que configuram crimes.
Ao que é considerado o mais longo e abrangente sistema de disposições coercitivas da história, a administração republicana de Donald Trump acrescentou 243 medidas unilaterais (55 apenas em 2020), que o governo democrata de Joe Biden mantém intactas, apesar de suas promessas eleitorais.
O objetivo declarado de promover a instabilidade social e entregar o povo cubano pela fome, carências e necessidades, atinge todos os setores da economia, segundo um relatório oficial apresentado em junho por Cuba na Assembleia Geral da ONU.
Ignorar a sua existência seria não só mentira, mas também insultar um povo que não conheceu outro paradigma de desenvolvimento senão aquele marcado pelo mais sangrento bloqueio aplicado a qualquer país, sublinha o documento.
O relatório cobre o período de abril a dezembro de 2020, no auge da pandemia de Covid-19, o período considerado o mais vulnerável para Cuba.
Afirma que, a preços correntes, os prejuízos acumulados em quase seis décadas chegam a 147.853,3 milhões de dólares, mas que – devido à desvalorização do dólar face ao valor do ouro no mercado internacional – já causou prejuízos quantificáveis há mais de 1.000.377.998.000 dólares.
Somente entre abril e dezembro de 2020, acrescenta o documento, causou prejuízos da ordem de 3.586,9 milhões de dólares, que totalizam 9.157,2 milhões de dólares se considerado o período de abril de 2019 a dezembro de 2020.
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