Por mais de uma hora, Fernández discursou perante o Tribunal Oral Federal 8 em apresentação transmitida ao vivo em diversos canais, pela causa conhecida como Memorando com o Irã, na qual foi acusada de traição e que já havia sido encerrada por inexistência de crime.
O caso aponta para o referido Memorando, rubricado em 2013 sob seu mandato, pelo qual é acusada de suposto encobrimento de iranianos acusados do ataque à Associação Mutual Israelita Argentina, em 1994.
Dois dias após o 27ú aniversário do atentado, Fernández qualificou a causa armada como um disparate judicial, institucional e político para incriminá-la como encobrimento do mais terrível ato terrorista ocorrido no país e desarmou toda a montagem orquestrada por meio do poder judiciário usado sob a gestão de seu sucessor, Mauricio Macri.
‘A exposição cronológica que Cristina fez sobre o uso político da justiça na época de Macri é arrepiante. Quem usou o ataque à AMIA para sujar um governo nacional e popular terá um lugar triste na história’, frisou em sua conta no twitter o legislador Hugo Yasky.
Nessa mesma rede, em que o discurso da vice-presidenta já se tornou tendência, a deputada Mónica Macha qualificou a argumentação de Fernández como histórica e monumental. Hoje, disse ela, ela se declarou com a clareza e a verdade de sempre no caso do Memorando com o Irã com o qual o partido judicial a persegue.
Por sua vez, o senador Jorge Taiana fez eco do que descreveu como uma ‘grande denúncia para desmascarar outra operação política orquestrada desde os poderes concentrados de dentro e de fora’.
Diversas personalidades fizeram coro ao que para muitos hoje na Argentina é uma das notícias mais importantes da atualidade e que ocupa as manchetes de todos os meios de comunicação desde a madrugada.
Na opinião do sociólogo e jornalista Marco Teruggi, ‘a radiografia de Cristina Fernández sobre o funcionamento do judiciário na época de Macri expõe a profundidade do lawfare (guerra judicial). Juízes que jogavam tênis e jantavam com Macri, proferiram causas inventadas, midiáticas, perseguições, declarou.
Ao destacar o discurso da ex-presidente, a também deputada nacional Fernanda Vallejos destacou a parte em que Fernández denunciou como os chamados fundos abutres fizeram campanha pelo mundo com o memorando e a causa da AMIA.
‘Claro que foi. Foi por isso. E eu também acredito, para disciplinar a liderança política. Fazer Cristina pagar por sua coragem e sua luta por nossa independência e nossa soberania é um alerta do que pode acontecer a nós que estamos dispostos a continuar sua luta ‘, disse Vallejos.
Enquanto isso, o legislador Leopoldo Moreau descreveu o discurso da ex-presidenta como uma lógica impecável e um final monumental. Foi ‘uma denúncia que desafia uma fase histórica de rendição e perseguição. O país foi movido e comovido’, considerou.
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